Você sabe? Tem certeza? Você ouve o que ele está falando ou o que você pensa que ele quis dizer?
Esses dias assisti o filme Não Por Acaso e me dei conta. O personagem principal (que por acaso era interpretado por ninguém menos que Rodrigo Santoro), que perdeu a namorada que amava num acidente, começa a sair com uma linda mulher e, na primeira vez que ela vai dormir na casa dele, ele oferece omelete. Ela diz e repete mil vezes que só quer um café preto. Mas ele continua lá, todo feliz, fazendo o belo omelete que, na verdade, quem gostava era a ex, acidentalmente morta.
Isso acontece todos os dias, com os melhores casais. A gente projeta outras pessoas naquela ali, que a gente acabou de conhecer e torce com toda a força para que seja o homem/mulher da nossa vida. De tanto torcer, esquece de observar para conhecer. Porque a gente só quer comprovar, sem dar brecha para o risco de não ser o que esperamos. E aí fica um relacionamento entre estranhos e a gente lidando com o outro como se fosse com um ser imaginário encarnado num corpo que nos atraiu.
Como dar certo dessa forma? Resposta correta: não dá!
Olhe para quem você quer amar (é, porque você ainda não ama se não o conhece). Escute-o, perceba-o. E lembre-se: o que há de mais comum entre os seres humanos é a diversidade. O resto é só enfeite. Cada um é um. Se você perseguir o igual, ou o diferente só para se contrapor aos anteriores, vai viver ímpar num mundo de pares imperfeitos.
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